Era domingo quando aquilo aconteceu.
Em uma tempestade, um navio cruzeiro naufragara... E no dia seguinte, naquela ilha, só ela se salvou. Uma garota feliz, desnorteada, começava uma vida solo naquele lugar; era linda como todas as outras que estavam no mesmo navio, um pouco mais esperta que as demais, isso a diferia.
A ilha era de outra exuberância. Ela nunca vira um lugar assim em sua vida. Após a tormenta da noite passada, um céu de azul profundo se revelava pra menina. Em nenhum lugar, pensou ela pra si mesma, as águas eram tão cristalinas como ali. O silêncio era estranhamente nostálgico para a náufraga.
Uma brisa a tocou no rosto. Suave. Da onde ela vinha, não existia algo tão encantador quanto aquilo. Reservou-se ao direito de sentir o vento agitar seus longos cabelos. No primeiro momento aquilo foi importante, acalmou-a. Quando seus olhos se abriram novamente, ela não reparava somente no céu ou na água, ou na brisa; viu a harmonia de aves que sobre ela voavam, eram exóticas... Eram lindas... Eram diferentes do que ela achava que viria livre um dia. Então as aves continuaram sua migração.
Calor. O Sol nascia e seus raios cortavam-na do pescoço pra cima. Lá no horizonte, atrás do mar que ela podia enxergar. Uma criança tímida, atrás de uma mãe, em busca de segurança. Lentamente ia perdendo o medo, primeiro brilhava um amarelo esbranquiçado, conforme tomava coragem ia se tornando mais corado. Depois um amarelo mais forte. Laranja. De repente, quando ela se deu por si, ele era o rei que sempre brilhava sobre a cabeça dos humanos, já em branco coragem... Agora aquecia o corpo inteiro dela.
Após a possessão dos céus e a tomada da ilha pelo sol, o som de uma linda flauta foi revelado. A mulher começou a segui-lo...
A garota seguia o som. O balançar das árvores o acompanhava e ela se sentia calma.
Perdera o pai. Perdera a mãe. Só lhe sobrava a Ilha... e o som da Flauta.
A medida que andava, as árvores, os arbustos, e até algumas flores que ela nunca vira, iam se aproximando. Apertavam o caminho para sua passagem. Ela olhou pro céu, deviam ser 8 da manhã ali... Não sabia que horas eram no seu lar – na onde fora seu lar.
Entre as brechas das árvores, borboletas das mais belas combinações de cores voavam e todas pareciam admirar a estranha. Uma se aproximou, pousou sobre o ombro dela e ficou ali... Outras iam aparecendo, surpreendendo a menina que , quiçá, um dia teve um sonho como aqueles. Tudo ali era perfeito. O paraíso é aqui.
Pássaros também surgiam aos montes, nas copas, ninhos, ovos. A Mãe levando a comida pros filhotes, outros gritavam de fome, uns só protegiam suas crias - a moça estava ali.
Lá no alto das árvores, ela via os pingos do sol entre as folhas superiores. Pingos que caíam nela e que iluminavam a floresta.
Ela notou outros animais de terra e de árvore: esquilos, guaxinins, cobras, lebres, micos, outros tantos; todos a olhavam admirados, pareciam querer um pedaço dela pra eles. Mas quase todos ficaram distantes.
Ela andou mais um pouco, uma raposa a seguia. Ela parou, a raposa continuou. Acanhada, se aproximava mais e mais. Olhava pra menina e vice-versa. Ao lado dela, a raposa sentou, lambeu os beiços e a menina a acariciou. A raposa lambeu a garota. Um ato de gratidão. A menina sorriu, a raposa também. O Flautista continuava.
Ela adormeceu enquanto voava...
Texto de uns 4 meses atrás
ResponderExcluirParece-me q eu já o li...verdade? Mto legal...bem descritivo, herdou esse estilo do Stephen King??
ResponderExcluirjá leu sim, tava no orkut...
ResponderExcluirum pouco herdei dele sim...