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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O homem e a sociedade: uma ênfase QUASE ecológica

Bom galera, pra mostra que eu também gosto de humanas e biológicas, além de exatas, aqui tem um texto meu feito pra aula de sociologia, do semestre passado na facul, mostrando como a sociedade do homem poderia se aproximar de qualquer outra sociedade animal, se levássemos em relação só a sobrevivência e vontades mais íntimas da espécia. Espero que gostem dessa "Enfâse quase ecológica humana". Comentem ;)



Durante a evolução da Terra nenhum outro animal foi capaz de construir uma sociedade tão complexa como o homem. E nenhum outro discute sobre suas intra-relações como acontece nesse grupo.
O fato de ser um animal racional nos tornou questionadores (nenhum animal questiona a vida e o porquê de estar aqui), construtores de vários parâmetros que diferenciou a sociedade de uma colméia ou formigueiro – diferente desses lugares, que cada hospedeiro tem uma função específica, na sociedade humana ninguém tem um só papel muito bem definido, não somos controlados por hormônios liberados por uma rainha, ou criado apenas pra trabalhar ou pra reprodução. Apesar de existirem coisas aqui que parecem com o controle da rainha sobre os demais. Diferente das colméias (ou formigueiros), onde uns são realmente diferentes dos outros, aqui é um igual querendo parecer mais importante que o outro.
Mesmo não sendo, realmente, iguais em tudo, não tem como definir o papel de um dominador e de um submisso entre os homens, acaba sendo contra a natureza humana – por um lado, por outro, a dominação de um homem por outro acaba favorecendo, além da estratificação e divisão da sociedade (em que cada um poderá assumir um papel principal único), uma discussão há muito tempo sem resposta definida: deve-se estudar o homem em sociedade e na sociedade ou os atos de cada um isolado?
Durkheim foi o primeiro a analisar os fatos sociais individualizados como um todo em que não envolve só a coisa “X” ou a pessoa “A”, mas um grupo de pessoas “Y” e suas inter-relações “B”. Usando uma análise dele como exemplo, ele mostrou como o suicídio, algo que parece tão individual, pode ser visto como conseqüência de uma ação envolvendo relações interpessoais. Assim, a ciência Sociologia tem início.
Uma coisa que Durkheim propõe com isso nega, de certa forma, a liberdade. Quando ele trata o suicídio como um ato social, ele demonstra que a sociedade impõe suas vontades no indivíduo – apesar de ser um exagero dizer que todo suicídio é culpa da sociedade, mas outras coisas que parecem envolvidos ao individual tem grande implicação social.
Weber já foca as ações do indivíduo na sociedade. Enquanto pra Durkheim, a sociedade exerce uma coerção sobre o indivíduo, para Weber, o indivíduo visa a sociedade para tomar suas decisões – as definições deles sobre o social não são de todo divergentes, no final a sociedade (o grupo em que participam, suas relações interpessoais) tem o papel significativo, de modo diferente: com Durkheim, como imposição; com Weber, uma imagem a ser seguida.
Outro foco social de importância advém da Revolução Industrial. Nessa época, começa a ser criada uma nova sociedade. O novo modelo de produção começa a estratificá-la e dividi-la ainda mais, sendo um momento em que as posições sociais começam a ser definidas e isso se torna notável. Algo como numa colméia, onde existe uma Rainha, que controla os outros indivíduos - o dono da fábrica – e seus operários. Se bem que não é possível falar de uma sociedade não estratificada antes, pois ela sempre foi. Antes disso, a Realeza dizia como a sociedade deveria ser mantida e, antes dela, a Igreja pregava o que queria que fosse certo, sempre submetendo as classes menos favorecidas.
Então surge Marx com seu “Materialismo Histórico” e começa a estudar o indivíduo na sociedade a partir da base material e econômica dela. Dizia ele que todos os efeitos e causas sociais eram conseqüências dessas duas bases (Cultura, política, arte e religião), além de mostrar toda a contradição do novo modelo econômico em ascensão, o capitalismo.
Já temos: um modo de produção injusto (em que o mais forte –aquele que tem o poder – sempre se da melhor), diferentes formas de entender a sociedade humana e o homem, diferentes relações entre os mais diversos grupos compreendidos por aqui. Temos também a cooperação, o conflito, a acomodação e a competição. E, por fim, a cultura e a necessidade de se socializar.
Se pensássemos só no início, era mais fácil deixar a ecologia cuidar da sociedade do homem do modo como cuida das relações de outras populações. Assim como as outras espécies de animais, nós competimos por poder, reprodução, nutrição, território; existe aqui também a cooperação; o amensalismo, quando um se da bem nas custas de outro, entre outras relações intra-específicas ecológicas facilmente reconhecíveis – que chamamos de interações sociais. Mas pensamos, e isso nos difere. Seria engraçado ver a sociologia como parte da ecologia, então o homem seria visto só como o animal, sem a parte racional – apesar de que aquela consegue explicar bastante coisa das nossas relações sociais.
Mesmo com toda nossa complexidade, nosso polegar, nossa racionalidade, não podemos esquecer do que fez de nós muito mais diferentes dos demais animais. O homem é o único animal capaz de transmitir seu conhecimento por coisas diferentes de hormônios, chiados, rasnidos, de forma clara. A seleção natural não atua tão bem na gente para a escolha dos mais aptos, de fato, o homem racional juntou tanto conhecimento, que hoje quase que alteramos a seleção natural ao nosso favor, ainda tendo pouca coisa do homem animal que a seleção natural consegue atuar, entra elas, a ganância. E nesse apanhado de conhecimento, o homem criou a cultura, que também pode ser considerada, a meu ver, como a melhor maneira de sobreviver em determinada sociedade de determinado jeito, tendo nutrição, território, diversão, direitos e deveres.
Apesar de tá em eterna transmutação, toda cultura se adapta à época e às necessidades daquele povo, país; ás transformações tecnológicas, políticas. Principalmente econômicas como Marx propôs como base para a Sociologia.
Entretanto, a cultura não é universal. Foi dividida em diversos aspectos. Com o advento da produção em massa, o fortalecimento da mídia, surgiu uma cultura ligada diretamente às massas, para vender os produtos e mostra que elas precisam deles. Com a concentração do conhecimento, do poder e da riqueza, na idade média, por exemplo, surgiu uma cultura que se opunha à cultura oficial, batizada de cultura popular. Hoje, pode ser vista mais como uma cultura a parte da oficial, já que ela não se opõe diretamente à cultura oficial, como os movimentos de contracultura, outra divisão cultural. Por fim, a sabedoria do povo deu origem ao folclore, um tipo de cultura ligado ao passado do homem, que não sofreu tantas adaptações e sobrevive até o presente.
Por fim, a necessidade de socializar do homem os fez criar as regras de socialização. Muitas delas pouco pensadas e a maioria ligada à cultura. Definir o que é bom e o que mau; definir o que é feio, o que é bonito; o que é errado e o que é certo... Como Durkheim disse, a sociedade serve como elemento coercetivo que impõe um papel padrão para os indivíduos que dela participam, se você ta fora daquele personagem, você ta fora daquele grupo, ou no mínimo é estranho de mais em meio às outras imagens.
Por esses fatos, a sociologia passou a ser uma ciência independente. Ela dá maneiras diferentes de entender o homem na sociedade. Não analisando só o ser como um organismo celular cheio de reações químicas, mas todo o conjunto em que ele foi criado, de maneira diferente de como analisaríamos um formigueiro ou colméia, envolvendo também nosso racionalismo e esquecendo parte de nosso instinto animal, apesar desse último ainda ser culpado por muitas coisas que acontecem no nosso meio e nas nossas relações. Estudando a sociedade como Durkheim, vendo o modelo de indivíduo social de Weber ou acusando o materialismo e a economia como principal agente de nossas decisões, como Marx, uma coisa é certa: temos que estudar o homem juntamente com a sociedade, mesmo cada um sendo diferente, o padrão implicado é mais forte e todas nossas ações terão base naquilo que aprendemos como certo ou errado; bonito ou feio; bom ou ruim...